sexta-feira, 11 de julho de 2014

A eclíptica e os signos

Acredita-se que, a elíptica foi identificada por volta de 300 e 400 a.C. pelos Babilónicos. Estes que são responsáveis por grande parte da astronomia que conhecemos hoje em dia e conhecidos por também nessa altura, terem dividido os signos no céu em 12 partes iguais. Esta questão ocupa sempre alguma controvérsia, não fosse o serpentário um intruso nas contas actuais. No entanto, se o ignorar-mos por enquanto, percebemos que assumia-se a divisão do céu em 12 partes, sendo que cada constelação ocuparia 30º no céu (30º x 12 = 360º). Como é óbvio e inquestionável, conhecemos os signos do Zodíaco mais pela astrologia que propriamente pela astronomia. Algo que, leva-nos a desconhecer que, cada um de nós tem guardado no céu a constelação que identifica o seu signo. Quando acima refiro os 30º que cada signo ocupava, é pertinente perceber que se trata de algo ilusório. Na realidade, as diferenças de tamanho entre os signos no céu são substanciais. A constelação de Leão por exemplo, olhada e medida no céu, é muita mais extensa que o Caranguejo. Assim sendo, podemos ver que, a distribuição das constelações é algo aleatória. Não obstante, ainda para a tornar ainda mais aleatória, os signos eram definidos pela linha eclíptica (percurso aparente do sol). De forma mais concreta, quem definia os signos  ao longo do ano era precisamente o sol. Aqui envolvia-se uma problemática enorme. Se ao dividir-mos o Zodíaco em 12, ainda assumir-mos o percurso do sol (eclíptica), perceberemos que algumas constelações o sol demorará 1 mês e meio a atravessar e noutras situações menos de 1 mês. Isto torna a divisão perceptível meramente impossível. Ignorando esse facto, imaginemos então que o sol se situava em cima de Peixes. Assim, assumia-se que naquele mês, era o mês de Peixes. Abaixo, vejamos as datas supostas de cada signo.


 Tal como verificamos na imagem acima, as supostas datas para os signos e o momento em que o sol lhe passa por cima, deveria coincidir com estas datas. No entanto, e devido ao movimento de precessão da Terra (poderei explicar noutra publicação à posteriori), a verdade é que o sol tem-se desviado na sua rota aparente (não, o sol se move). Neste momento, existe um avanço de 1 mês do sol relativamente ao ponto original. Assim, quando por exemplo, fazemos anos a 27 de Fevereiro e somos Peixes, na realidade o sol estará um mês (entenda-se por signo) à frente da data expectável e não no nosso signo. Conclui-se então que os signos que conhecemos hoje em dia, são desactualizados no contexto astronómico. Um exemplo engraçado é o das pessoas que nascem por exemplo, a 9 de Dezembro. O signo dos mesmos, se vivessem à 2500 anos atrás (ou se guiem pela astrologia), seria provavelmente Sagitário. No entanto, por pena minha, terei de informar todas as pessoas nascidas nas datas compreendidas entre 1 de Dezembro e 18 de Dezembro, que na realidade são Ofiúco, que é mais conhecido como Serpentário. Este é o "tal" décimo- terceiro signo que tanto se tem falado, que  na verdade, na astronomia ele já existe à um bom tempo. 

 

Finalmente, deixo acima o quadro actual, deixando-vos guiar um pouco pelo mesmo. Agora, sempre que lhe disserem que é algo (sentimental, mal disposto, alegre, etc) porque é de determinado signo, questione-se duas vezes. Afinal, poderá ser de outro signo e não o perceber!




 Cumprimentos,

Marco Macedo - Responsável e monitor do planetário


Bem-Vindos



O planetário Capitão James Cook é o único planetário presente na Ilha da Madeira, sendo um dos escassos em Portugal. Nutrido de excelentes condições, capacitadas para receber até um número a rondar as 30 pessoas, o planetário tem feito da sua existência uma partilha do conhecimento. Sendo todo o material cientifico tratado pela Associação de Astrónomos Amadores da Madeira, é possível esperar material didáctico actualizado, interactivo e sempre, sempre interessante. Com vários temas a poderem ser abordados, tem sido um local de visita do mais miúdos e graúdos, para aprofundar o sonho "infantil" de ser astronauta ou de apenas deslumbrar o céu estrelado. Considerado o ponto de passagem do desconhecimento do céu, à sua abordagem com facilidade, é garantido que ao sair do mesmo o céu não será o mesmo. Olhe à volta e verá Orion, Escorpião e muitas mais constelações. Não as consegue identificar? É tempo de rumar ao nosso planetário!